Aos leitores da Revista Espírita – Conclusão do ano de 1858

Revista Espírita, dezembro de 1858

A Revista Espírita acaba de completar seu primeiro ano, e estamos felizes em anunciar que, doravante, sua existência estando assegurada pelo número de seus assinantes, que aumentam a cada dia, prosseguirá o curso de suas publicações. Os testemunhos de simpatia que recebemos de todas as partes, o sufrágio dos homens mais eminentes, pelo seu saber e pela sua posição social, são para nós um poderoso encorajamento na tarefa laboriosa que empreendemos; que aqueles, pois, que nos sustentaram no cumprimento de nossa obra, recebam aqui o testemunho de toda a nossa gratidão. Se não tivéssemos encontrado nem contradições, nem críticas, isso seria um fato inaudito nos fastos da publicidade, sobretudo quando se trata da emissão de idéias novas; mas, se devemos nos admirar de alguma coisa, é de havê-las encontrado tão poucas em comparação com as provas de aprovação que nos foram dadas, e isso devido, sem dúvida, bem menos ao mérito do escritor que ao atrativo do assunto que tratamos, ao crédito que toma, cada dia, até nas mais altas regiões da sociedade; nós o devemos também, disso estamos convencidos, à dignidade que sempre conservamos frente a frente com os nossos adversários, deixando o público julgar entre a moderação de uma parte, e a inconveniência da outra. O Espiritismo marcha a passos de gigante no mundo inteiro; todos os dias re-liga alguns dissidentes pela força das coisas, e se, de nossa parte, podemos lançar alguns grãos na balança desse grande movimento que se opera, e que marcará nossa época como uma era nova, não será contundindo, chocando de frente aqueles mesmos que se quer trazer de novo; é pelo raciocínio que se faz escutar, e não por injúrias. Os Espíritos superiores que nos assistem, nos dão, a esse respeito, o preceito e o exemplo; seria indigno de uma doutrina que não prega senão o amor e a benevolência, abaixar-se até a arena do personalismo; deixamos esse papel àqueles que não a compreendem. Nada nos fará, pois, desviar da linha que seguimos, da calma e do sangue frio, que não cessaremos de considerar no exame racional de todas as questões, sabendo que por aí fazemos mais partidários sérios do Espiritismo que pelo amargor e pela acrimônia.

Na instrução que publicamos, na cabeça do nosso primeiro número, traçamos o plano que nos propúnhamos seguir: citar os fatos, mas também escrutá-los e passá-los pela escalpelo da observação; apreciá-los e deduzir-lhes as conseqüências. No início, toda atenção estava concentrada sobre os fenômenos materiais, que alimentaram, então, a curiosidade pública, mas a curiosidade não tem senão um tempo; uma vez satisfeita, deixa-se o seu objeto como uma criança deixa o seu brinquedo. Os Espíritos nos disseram então: “Este é o primeiro período, que passará logo para dar lugar a idéias mais elevadas; fatos novos vão se revelar que marcarão um novo, o período filosófico, e a doutrina crescerá em pouco tempo, como a criança que deixa seu berço. Não vos inquieteis com o escárnio, os escarnecedores serão escarnecidos eles mesmos, e amanhã encontrareis zelosos defensores entre os vossos mais ardorosos adversários de hoje. Deus quer que assim seja, e estamos encarregados de executar a sua vontade; a má vontade de alguns homens não prevalecerá contra ela; o orgulho daqueles que querem saber mais que ele será rebaixado.”

Estamos longe, com efeito, das mesas girantes, que não divertem mais quase nada, porque se deixa de tudo; não há senão o que fala ao nosso julgamento, do qual não se cansa, e o Espiritismo voga a plenas velas, em seu segundo período; cada um compreendeu que é toda uma ciência que se funda, toda uma filosofia, toda uma nova ordem de idéias; e era preciso seguir esse movimento, contribuir mesmo para ele, sob pena de não mais bastar à tarefa; eis porque nos esforçamos por nos mantermos nessa altura, sem nos fecharmos nos estreitos limites de um boletim anedótico. Elevando-se à categoria de doutrina filosófica, o Espiritismo conquistou inumeráveis adeptos, mesmo entre aqueles que não foram testemunhas de nenhum fato material; é que o homem ama o que fala à sua razão, o que pode apreciar, e que encontra, na filosofia espírita, outra coisa que um passatempo, alguma coisa que preenche, nele, o vazio pungente da incerteza. Penetrando nesse mundo extracorpóreo pelos caminhos da observação, quisemos nele fazer nossos leitores penetrarem, e fazê-lo compreenderem; cabe a eles julgarem se alcançamos nosso objetivo.

Prosseguiremos, pois, em nossa tarefa durante o ano que vai começar, e que tudo anuncia dever ser fecundo. Novos fatos, de uma ordem estranha, surgem neste momento e nos revelam novos mistérios; nós os registraremos cuidadosamente, e neles procuraremos a luz com tanta perseverança quanto no passado, porque tudo pressagia que o Espiritismo vai entrar numa nova fase, mais grandiosa e mais sublime ainda.

ALLAN KARDEC.

Nota. A grande quantidade de matérias nos obriga a remeter para o próximo número a continuação do nosso artigo sobre a Pluralidade das existências, e a do conto de Frédric Soulié.

ALLAN KARDEC.

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Uma questão de prioridade com relação ao Espiritismo

Um dos nossos assinantes, o senhor Ch. Renard, de Rambouillet, nos dirigiu a carta seguinte:

“Senhor e digno irmão em Espiritismo, li, ou antes, devorei com um prazer indizível, os números de vossa Revista, à medida que os recebia. Isso não é de admirar de minha parte, visto que meus parentes eram adivinhadores de geração em geração. Uma de minhas tias avós foi mesmo condenada ao fogo por contumácia no crime de Vauldrie e de assistente do sabbat; não evitou a fogueira senão porque se refugiou na casa de uma de suas irmãs, abadessa de religiosas enclausuradas. Isso fez com que eu herdasse algumas migalhas de ciências ocultas, o que não me impediu de passar pela crença, se fé há, pelo materialismo e pelo ceticismo. Enfim, fatigado, doente de negação, as obras do célebre extático Swedenborg me conduziram à verdade e ao bem; eu mesmo tornei-me extático, assegurei-me ad vivum de verdades que os Espíritos materializados do nosso globo não podem compreender. Tive comunicações de todas as espécies; fatos de visibilidade, de tangibilidade, transporte de objetos perdidos, etc. Teríeis, bom irmão, a bondade de inserir a nota adiante num de vossos números? Certamente, não pelo meu amor-próprio, mas por causa da minha qualidade de Francês.

“As pequenas causas produzem, às vezes, grandes efeitos. Por volta de 1840, travei conhecimento com o senhor Cahagnet, torneiro marceneiro, vindo para Rambouillet por razões de saúde. Esse operário, fora de série pela sua inteligência, eu o apreciava e o iniciava no magnetismo humano; disse-lhe um dia: Tenho quase a certeza de que um sonâmbulo lúcido está apto para ver as almas dos falecidos e entabular conversação com elas; ele espantou-se. Convidei-o a fazer essa experiência quando tivesse um lúcido; foi bem sucedido e publicou um primeiro volume de experiências necromânticas, seguido de outros volumes e brochuras, que foram traduzidos na América sob o título de Telégrafo celeste. Em seguida o extático Davis publicou suas visões ou excursões no mundo espírita.

Franklin fez, sobre os desmaterializados, pesquisas que conduziram às manifestações e à comunicações mais fáceis que outrora. As primeiras pessoas que ele mediatizou nos Estados Unidos foram uma senhora viúva Fox e suas duas senhoritas. Há uma singular coincidência entre esse nome e o meu, uma vez que a palavra inglesa fox significa renard.

“Há muito tempo os Espíritos disseram que se podia comunicar com os Espíritos de outros globos e deles receber desenhos e descrições. Expus essa coisa ao senhor Cahagnet, mas ele não foi mais longe que nosso satélite.

“SOU, etc. CH. RENARD.”

Nota. A questão de prioridade, em matéria de Espiritismo, sem contradita, é uma questão secundária; mas não é menos notável senão depois da importação dos fenômenos americanos, uma multidão de fatos autênticos ignorados do público, revelaram a produção de fenômenos semelhantes seja em França, seja em outros países da Europa, em uma época contemporânea ou anterior. É do nosso conhecimento que muitas pessoas se ocupavam com os fenômenos espíritas bem antes que fossem questão de mesas girantes, e disso temos provas por datas seguras. Ó senhor Renard parece ser desse número, e segundo ele, suas experiências não foram estranhas às feitas na América. Registramos sua observação como interessando à história do Espiritismo e para provar, uma vez mais, que essa ciência tem raízes no mundo inteiro, o que tira, àqueles que gostariam de lhe opor uma barreira, toda chance de sucesso. Abafada em um ponto, ela renascerá mais viva em muitos outros, até o momento em que a dúvida não será mais permitida, ela tomará seu lugar entre as crenças usuais; será bem preciso, então, que seus adversários, bom grado ou malgrado, nela tomem seu partido.

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Variedades – Monomania religiosa

Revista Espírita, dezembro de 1858

Leu-se, na Gazette de Mons: “Um indivíduo atacado de monomania religiosa, seqüestrado há sete anos no estabelecimento do senhor Stuart, e que até ali se mostrara de uma natureza muito doce, chegou a enganar a vigilância de seus guardas e a se apoderar de uma faca. Estes, não podendo fazê-lo devolver essa arma, informaram o diretor do que se passava.

“O senhor Stuart logo se colocou perto desse furioso, e, não consultando senão sua coragem, quis desarmá-lo; mas, apenas havia dado alguns passos ao encontro do louco, este se arrojou sobre ele com a rapidez do relâmpago e o atingiu a golpes redobrados. Não foi senão com muita dificuldade que se chegou a dominar o assassino.

“Das sete feridas, com as quais o senhor Stuart fora atingido, uma era mortal: a que recebera no baixo ventre; e segunda-feira, às três horas e meia, sucumbiu em conseqüência de uma hemorragia que se declarara nessa cavidade.”

Que se diria se esse indivíduo estivesse atacado de uma monomania espírita, ou mesmo se, em sua loucura, tivesse falado de Espíritos? E todavia isso se poderia, uma vez que há muitas monomanias religiosas, e todas as ciências forneceram seu contingente. Que se poderia racionalmente disso concluir contra o Espiritismo, senão que, em conseqüência da fragilidade de sua organização, o homem pode se exaltar sobre esse ponto como sobre tantos outros? O meio de prevenir essa exaltação não é combater a idéia; de outro modo se correria o risco de se ver renovarem os prodígios das Cévènes. Se jamais se organizasse uma cruzada contra o Espiritismo, vê-lo-íamos propagar-se mais e mais; por que, como se opor a um fenômeno que não tem nem lugar nem tempo preferidos; que pode se reproduzir em todos os países, em todas as famílias, na intimidade, no segredo mais absoluto, melhor ainda que em público? O meio de prevenir os inconvenientes, dissemo-lo em nossa Instrução prática, é fazê-lo compreender de tal modo que nele não se veje mais que um fenômeno natural, mesmo naquilo que ofereça de mais extraordinário.

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A Bela Cordoeira

Revista Espírita, dezembro de 1858

Notícia. – Louise Charly, apelidada Labé, cognominada a Belle Cordière, nascida em Lyon, sob François I. Ela era de uma beleza perfeita e recebeu uma educação muito cuidadosa; sabia o grego e o latim, falava o espanhol e o italiano com uma pureza perfeita, e fazia, nessas duas línguas, poesias que não teriam renegado os escritores nacionais. Formada em todos os exercícios do corpo, conhecia a equitação, a ginástica e o manejo das armas. Dotada de um caráter muito enérgico, distinguia-se, ao lado de seu pai, entre os mais valentes combatentes, no cerco de Perpignan, em 1542, sob o nome do capitão Loys. Esse cerco não tendo sido bem sucedido, ela renunciou ao ofício das armas e retornou a Lyon com seu pai. Esposou um rico fabricante de cordames, de nome Ennemond Perrin, e logo ela não foi conhecida senão sob o nome de a Belle Cordière, nome que permaneceu na rua em que ela residia, e sobre o local no qual estavam as oficinas de seu marido. Ela instituiu em sua casa reuniões literárias, onde eram convidados os espíritos mais esclarecidos da província. Tem-se dela uma coleção de poesias. Sua reputação de beleza e de mulher de espírito, atraindo para sua casa a elite dos homens, excitou o ciúme das senhoras lionesas que procuraram vingarse dela pela calúnia; mas sua conduta sempre foi irrepreensível.

Tendo-a evocado, na sessão da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, de 26 de outubro de 1858, nos foi dito que ela não podia vir ainda, por motivos que não foram explicados. No dia 9 de novembro atendeu ao nosso chamado, e eis o retrato que dela fez o senhor Adrien, nosso médium vidente:

Cabeça oval; tez pálida, mate; olhos negros, belos e notáveis, sobrancelhas arqueadas; fronte desenvolvida e inteligente, nariz grego, fino; boca média, lábios indicando a bondade de espírito; dentes muitos bonitos, pequenos, bem enfileirados; cabelos negros de azeviche, ligeiramente crespos. Belo porte da cabeça; talhe grande e bem solto. Vestuário de rouparias brancas.

Nota. – Sem dúvida, nada prova que esse retrato, e o precedente, não estavam na imaginação do médium, porque não temos controle; mas quando o faz com detalhes tão precisos de pessoas contemporâneas, que jamais viu, e que são reconhecidas por parentes ou amigos, não se pode duvidar da realidade; de onde se pode concluir que, uma vez que ele vê uns com uma verdade incontestável, pode vê-la em outros. Uma outra circunstância, que deve ser tomada em consideração, é que ele vê sempre o mesmo Espírito sob a mesma forma, e que, ainda que o fosse com vários meses de intervalo, o retrato não varia. Seria preciso supor nele uma memória fenomenal, para crer que ele possa se lembrar assim dos menores traços de todos os Espíritos, dos quais Fez a descrição e que se contam por centenas.

1. Evocação. – R. Estou aqui.

2. Teríeis a bondade de nos responder a algumas perguntas que gostaríamos de vos endereçar? – R. Com prazer.

3. Lembrai-vos da época em que fostes conhecida sob o nome de a Belle Cordière? – R. Sim.

4. De onde poderiam provir as qualidades viris que vos levou a abraçar a profissão das armas que, segundo as leis da Natureza, está antes nas atribuições dos homens? – R. Isso sorria ao meu espírito ávido de grandes coisas; mais tarde ele se voltou para um outro gênero de idéias mais sérias. As idéias com as quais se nasce, certamente, vêm de existências anteriores, das quais são o reflexo, todavia, elas se modificam muito, seja por novas resoluções, seja pela vontade de Deus.

5. Por que esses gostos militares não persistiram em vós, e como puderam, tão prontamente, ceder o lugar aos da mulher? – R. Vi coisas que não vos desejaria ver.

6. Fostes contemporânea de François l e de Charles-Quinto; poderíeis dar-nos vossa opinião sobre esses dois homens e traçar-lhes o paralelo? – R. Não quero julgar; tinham defeitos, vós os conheceis; suas virtudes foram pouco numerosas: alguns traços de generosidade e eis tudo. Deixai isso, seu coração poderia sangrar ainda; eles sofrem bastante!

7. Qual era a fonte dessa alta inteligência que vos tornou apta a receber uma educação tão superior à das mulheres do vosso tempo? – R. Existências penosas e a vontade de Deus!

8. Havia, pois, em vós um progresso anterior? – R. Isso não pode ser de outro modo.

9. Essa instrução vos fez progredir como Espírito? – R. Sim.

10. Pareceis haver sido feliz sobre a Terra: o sois mais agora? – R. Que pergunta! Tão feliz que se seja na Terra, a felicidade do Céu é bem outra coisa! Quantos tesouros e quantas riquezas, que conhecereis um dia, e dos quais não suspeitais ou ignorais completamente!

11. Que entendeis por Céu? – R. Entendo por Céu os outros mundos.

12. Que mundo habitais agora? – R. Resido num mundo que não conheceis; mas sou pouco ligada a ele: a matéria nos liga pouco.

13. É Júpiter? – R. Júpiter é um mundo feliz; mas pensais que só ele, entre todos, seja favorecido por Deus? São tão numerosos quanto os grãos de areia do Oceano.

14. Conservastes o gênio poético que tínheis neste mundo? -R. Responder-vos-ia com prazer, mas temo chocar outros Espíritos, ou colocar-me abaixo do que sou: o que faria que minha resposta se tornasse inútil, tomando-se sem razão.

15. Poderíeis nos dizer qual classe poderíamos vos consignar entre os Espíritos?
– Sem resposta.

(A São Luís.) São Luís poderia nos responder a esse respeito? -R. Ela está aqui: não posso dizer o que ela não quer dizer. Não vedes que ela é das mais elevadas, entre os Espíritos que evocais comumente? De resto, nossos Espíritos não podem apreciar exatamente as distâncias que os separam: elas são incompreensíveis para vós, e todavia são imensas!

16. (A Louise Charly). Sob qual forma estais entre nós? – R. Adrien acaba de me pintar.

17. Por que essa forma antes que uma outra, por que, enfim, no mundo em que estais, não sois tal qual éreis na Terra? – R. Evocastes-me poeta, vim poeta.

18. Poderíeis nos ditar algumas poesias ou um trecho qualquer de literatura? Estaríamos felizes tendo alguma coisa vossa. – R. Procurai vos proporcionar meus antigos escritos. Não gostamos dessas provas, sobretudo em público: fá-lo-ei, todavia, de outra vez.

Nota. – Sabe-se que os Espíritos não gostam das provas, e as perguntas dessa natureza têm sempre, mais ou menos, esse caráter, sem dúvida, é por isso que eles não se submetem a elas quase nunca. Espontaneamente, e no momento em que menos esperamos, freqüentemente, nos dão as coisas mais surpreendentes, as provas que teríamos solicitado em vão; mas basta, quase sempre, que se lhes peça uma coisa para que se não a obtenha, sobretudo, se ela denota um sentimento de curiosidade. Os Espíritos, e principalmente os Espíritos elevados, querem nos provar que não estão às nossas ordens.

A Belle Cordière, espontaneamente, no dia seguinte, fez escrever pelo médium escrevente, que lhe serviu de intérprete.

“Vou ditar-te o que prometi; não são versos, que não os quero mais fazer; aliás, não me lembro mais dos que fiz, e não gostarias deles: será a mais modesta prosa.

“Na Terra, gabei o amor, a doçura e os bons sentimentos: falei um pouco daquilo que não conhecia. Aqui, não é o amor que é preciso, é uma caridade grande, austera, esclarecida; uma caridade forte e constante que não há senão um exemplo na Terra.

“Pensai, ó homens! que de vós depende serdes felizes e fazerdes o vosso mundo um dos mais avançados do céu: não tendes que fazer senão calarem ódios e inimizades, senão esquecer rancores e cóleras, senão perder o orgulho e a vaidade. Deixai tudo isso como um fardo que vos será preciso abandonar, cedo ou tarde. Esse fardo é para vós um tesouro na Terra, eu o sei; por isso teríeis o mérito em abandoná-lo e perdê-lo, mas no céu esse fardo toma-se um obstáculo para a vossa felicidade. Crede-me, pois: apressai vosso progresso, a felicidade que vem de Deus é a verdadeira felicidade. Onde encontrareis os prazeres que valham as alegrias que dá aos seus eleitos, aos seus anjos?

“Deus ama os homens que procuram avançar em seu caminho, contai, pois, com seu apoio. Não tendes confiança nele? Crede-o seja perjuro, porque não vos entregais a ele inteiramente, sem restrição? Infelizmente não quereis ouvir, ou poucos dentre vós ouvem; preferis o hoje ao dia de amanhã; vossa visão limitada limita vossos sentimentos, vosso coração e vossa alma, e sofreis para avançar, em lugar de avançar natural e facilmente pelo caminho do bem, por vossa própria vontade, porque o sofrimento é o meio que Deus emprega para vos moralizar. Que não eviteis vossa rota segura, mas terrível para o viajor.

Terminarei vos exortando a não mais olhar a morte como um flagelo, mas como a porta da verdadeira vida e da verdadeira felicidade.

LOUISE CHARLY.

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Conversas familiares de além túmulo – Uma viúva de Malabar

Revista Espírita, dezembro de 1858

Desejávamos interrogar uma dessas mulheres da índia, que têm o uso de se queimarem sobre o corpo de seu marido. Não as conhecendo, tínhamos pedido a São Luís se consentiria em nos enviar uma que estivesse em condições de responder às nossas perguntas, de maneira um pouco satisfatória. Ele respondeu-nos que o faria de bom grado, em alguma ocasião. Na sessão da Sociedade, do dia 2 de novembro de 1858, o senhor Adrien, médium vidente, viu uma delas disposta a falar, e da qual fez o seguinte retrato:

Olhos grandes, negros, colorido amarelo no branco; figura arredondada, face rechonchuda e gorda; pele amarelo-açafrão polido; cílios longos, sobrancelhas arqueadas, negras; nariz mais ou menos achatado, boca grande e sensual; belos dentes grandes e lisos; cabelos escorridos, abundantes, negros e espessos de gordura. Corpo bastante grosso, atarracado e gordo. Lenços de pescoço a envolvem deixando a metade do peito nu. Braceletes nos braços e nas pernas.

1. Lembrai-vos, mais ou menos, em que época vivestes na índia, e onde fostes queimada sobre o corpo de vosso marido? – R. Ela fez sinal que não se lembra. – São Luís respondeu que foi há cerca de cem anos.

2. Lembrai-vos do nome que tínheis? – R. Fátima.

3. Que religião professáveis? – R. O maometismo.

4. Mas o maometismo não manda tais sacrifícios? – R. Nasci muçulmana, mas meu marido era da religião de Brahma. Tive que me conformar com o uso do país em que residia. As mulheres não se pertencem.

5. Que idade tínheis quando morrestes? – R. Tinha, creio, em tomo de vinte anos.

Nota. – O senhor Adrien observou que ela parecia ter pelo menos vinte e oito a trinta; mas que nesse país as mulheres envelhecem mais depressa.

6. Sacrificaste-vos voluntariamente? – R. Preferiria casar-me com um outro. Refleti bem, e concebereis que pensamos todos do mesmo modo. Segui o costume; mas no fundo preferia não fazê-lo. Esperei vários dias o outro marido, e ninguém veio; então, obedeci à lei.

7. Que sentimento pôde ditar essa lei? – R. Idéias supersticiosas. Afigura-se que, em se queimando, se é mais agradável à Divindade; que resgatamos as faltas daquele que perdemos, e que vamos ajudá-lo a viver feliz no outro mundo.

8. Vosso marido teve vontade do vosso sacrifício? – R. Jamais procurei rever meu marido.

9. Há mulheres que se sacrificam assim deliberadamente? -R. Há pouco delas; uma em mil, e ainda, no fundo, elas não gostariam de fazê-lo.

10. Que se passou convosco no momento em que a vida corporal se extinguiu? – R. A perturbação; tive uma neblina, e depois não sei o que se passou. Minhas idéias não se ordenaram senão depois de muito tempo. Ia por toda parte, e, entretanto, não via bem; e ainda agora, não estou inteiramente esclarecida; tenho muitas encarnações a sofrer para me elevar; mas não me queimarei mais… Não vejo a necessidade de se queimar, de se lançar no meio das chamas para se elevar… sobretudo por faltas que não se cometeu; depois, isso não me agradou… De resto, não procurei sabê-lo, dar-me-íeis alegria orando um pouco por mim; porque compreendo que não há senão a prece para suportar com coragem as provas que nos são enviadas: Ah! se eu tivesse a fé!

11. Pedis para orarmos por vós; mas somos cristãos, e nossas preces poderiam ser-vos agradáveis? – R. Não há senão um Deus para todos os homens.

Nota. – Em várias das sessões seguintes a mesma mulher veio entre os Espíritos que as assistiam. Ela disse que vinha para se instruir. Parecia sensível ao interesse que se lhe testemunhava, porque ela nos seguiu várias vezes em outras reuniões e mesmo na rua.

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Poesia espírita – O despertar de um Espírito

Revista Espírita, dezembro de 1858

NOTA. – Estes versos foram escritos, espontaneamente, por meio de uma cesta sustentada por uma jovem senhora e uma criança. Pensamos que mais de um poeta poderia honrar-se com eles. Foram-nos comunicados por um de nossos assinantes.

Quanto a Natureza é bela e quanto o ar é ameno!
Senhor! Rendo graças e te admiro, de joelhos.
Possa o hino de alegria de meu reconhecimento
Subir, como o incenso, até a tua onipotência.

Assim, diante dos olhos de suas duas irmãs em luto,
Fizeste sair outrora Lázaro de seu sepulcro;
De Jairo desvairado, a filha bem-amada
Foi em seu leito de morte por tua voz reanimada.

Do mesmo modo, Deus poderoso! Me estendeste a mão;
Levanta-te! Tu me disseste: não o disseste em vão.
Por que não sou, ai, senão um vil montão de lama?
Gostaria de te louvar com a voz de um anjo;

Tua obra jamais me pareceu tão bela!
É àquele que sai da noite do túmulo
Que o dia parece puro, a luz brilhante,
O sol radioso e a vida embriagadora.

Então o ar é mais doce que o leite e o mel;
Cada som parece uma palavra nos concertos do céu.
A voz surda dos ventos exala uma harmonia
Que aumenta no vago e se torna infinita.

O que o Espírito concebe, o que fere os olhos,
É que se pode adivinhar no livro dos céus,
No espaço dos mares, sob as vagas profundas,
Em todos os oceanos, os abismos, os mundos,

Tudo se arredonda em esfera, e sente-se que no meio
Esses raios convergentes conduzem a Deus.
E tu, cujo olhar plana sobre as estrelas,
Que te ocultas no céu como um rei sob seus véus,

Qual é, pois, tua grandeza, se esse vasto universo
Não é senão um ponto aos seus olhos, e o espaço dos mares
Não é mesmo um espelho para teu esplendor imenso?
Qual é, pois, tua grandeza, qual é, pois, tua essência?

Que palácio tão vasto construíste, ó Rei!
Os astros não saberiam nos separar de ti.
O sol a teus pés, poder sem medida,
Parece o ônix que um príncipe amarra ao seu sapato.

O que admiro em ti, sobretudo, 6 majestade!
É bem menos tua grandeza que a imensa bondade
Que se revela em tudo, assim como a luz,
E de um ser impotente atende a prece.

JODELLE.

 

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O papel da mulher

Revista Espírita, dezembro de 1858

Sendo a mulher mais finamente desenhada que o homem, indica naturalmente uma alma mais delicada; assim é que, nos meios semelhantes, em todos os mundos, a mãe será sempre mais bonita que o pai; porque é ela que a criança vê primeiro; é para a figura angélica de uma jovem que a criança volve seus olhos sem cessar; é para a mãe que a criança seca seu pranto, apóia seus olhares, ainda fracos e incertos. A criança tem, pois, uma intuição natural do belo.

A mulher, sobretudo, sabe-se fazer notar pela delicadeza de seus pensamentos, a graça de seus gestos, a pureza de suas palavras; tudo o que vem dela deve-se harmonizar com a sua pessoa, que Deus criou bela.

Seus longos cabelos, que ondeiam sobre seu pescoço, são a imagem da doçura, e da facilidade com a qual sua cabeça se dobra sem romper sob as provas. Refletem a luz dos sóis, como a alma da mulher deve refletir a mais pura luz de Deus. Jovens, deixai vossos cabelos flutuarem; Deus os criou para isso: parecereis, ao mesmo tempo, mais naturais e mais ornadas.

A mulher deve ser simples em seu vestuário; ela saiu bastante bela da mão do Criador para não ter necessidade de adornos. Que o branco e o azul se casem sobre os vossos ombros. Deixai também flutuar vossos vestidos; que vossos vestidos sejam vistos estendendo-se atrás de vós, em um longo traço de gaze, como uma leve nuvem indicando que ainda há pouco estivestes aí. Mas que farão o enfeite, o vestuário, a beleza, os cabelos ondulantes ou flutuantes, amarrados ou apertados, se o sorriso tão doce das mães e das amantes não brilharem sobre os vossos lábios! Se os vossos olhos não semeiam a bondade, a caridade, a esperança nas lágrimas de alegria que deixam correr, nos relâmpagos que jorram desse braseiro de amor desconhecido!

Mulheres, não temais arrebatar os homens pela vossa beleza, pela vossa graça, pela vossa superioridade; mas que os homens saibam que, para serem dignos de vós, é preciso que sejam tão grandes quantos sois belas, tão sábios quanto sois boas, tão instruídos quanto sois ingênuas e simples. E preciso que ele saibam que devem merecer-vos, que sois o preço da virtude e da honra; não dessa honra que se cobre de um capacete, e de um escudo, e brilha nas lutas e nos torneios, o pé sobre a fronte de um inimigo caído; não, mas a honra segundo Deus.

Homens, sede úteis, e quando os pobres bendizerem vosso nome, as mulheres serão vossas iguais; formareis então um todo; sereis a cabeça e as mulheres serão o coração; sereis o pensamento benfazejo, e as mulheres serão as mãos liberais. Uni-vos, pois, não só pelo amor, mas ainda pelo bem que podereis fazer a dois. Que esses bons pensamentos e essas boas ações, realizadas por dois corações amantes, sejam os anéis dessa cadeia de ouro e de diamante que se chama o casamento e, então, quando os anéis forem bastante numerosos,

Deus vos chamará para junto dele, e continuareis a ajuntar, ainda, as argolas precedentes, mas na Terra as argolas eram de um metal pesado e frio, no céu serão de luz e de fogo.

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As flores

Revista Espírita, dezembro de 1858

Nota. – Esta comunicação e a seguinte foram obtidas pelo senhor F…, o mesmo do qual falamos no nosso número de outubro, a propósito dos Obsedados e Subjugados; pode-se julgar, por aí, a diferença que há entre a natureza de suas comunicações atuais e as de outrora. Sua vontade triunfou completamente da obsessão, da qual era objeto, e seu mau Espírito não reapareceu mais. Estas duas dissertações foram-lhe ditadas por Bemard Palissy.

As flores foram criadas, nos mundos, como símbolos da beleza, da pureza e da esperança.

Como o homem que vê as corolas se entreabrirem, todas as primaveras, e as flores fenecerem para darem frutos deliciosos, como o homem não pensa que sua vida florirá também, mas para produzir frutos eternos? Que vos importa, pois, a tempestade e as tormentas? Essas flores não perecerão jamais, nem a mais frágil obra do Criador. Coragem, pois, homens que tombais no caminho, levantai-vos de novo como o lírio depois da tempestade, mais puro e mais radioso. Como as flores, os ventos vos sacodem à direita e à esquerda, os ventos vos derrubam, vos arrastam para a lama, mas quando o sol reaparece, levantais de novo, também, vossas cabeças mais nobres e maiores.

Amai, pois, as flores, elas são os emblemas de vossa vida, e não deveis corar por serdes comparados a elas. Tende-as em vossos jardins, em vossas casas, mesmos em vossos templos, elas estão por toda parte; em todos os lugares elas levam à poesia, elevam a alma daquele que sabe compreendê-las. Não foi nas flores que Deus ostentou todas as suas magnificências?

Depois onde conheceríeis as cores suaves com as quais o Criador alegrou a natureza sem as flores? Antes que o homem tivesse escavado as entranhas da terra para encontrar os rubis e os topázios, tinha as flores diante de si, e essa variedade infinita de nuanças já o consolava na monotonia da superfície terrestre. Amai, pois, as flores: sereis mais puros, mais amantes; talvez sereis mais crianças, mas sereis as crianças queridas de Deus, e vossas almas, simples e sem mácula, serão acessíveis a todo seu amor, a toda alegria com a qual abraça vossos corações.

As flores querem ser cuidadas por mãos esclarecidas; a inteligência é necessária para a sua prosperidade; errastes, por muito tempo sobre a Terra, em deixar esse cuidado a mãos inábeis que as mutilam, crendo embelezá-las. Nada é mais triste que as árvores redondas ou pontiagudas de vossos jardins: pirâmides de verdura que fazem o efeito de pilha de feno. Deixai a natureza progredir sob mil formas diversas: aí está a graça. Feliz aquele que sabe admirar a beleza de um talo que se balança semeando sua poeira fecundante! Feliz aquele que vê em suas tintas brilhantes um infinito de graça, de delicadeza, de colorido, de nuanças que se afastam e se procuram, se perdem e se reencontram! Feliz aquele que sabe compreender a beleza da gradação dos tons, desde a raiz castanha escura que se casa com a terra, como as cores se fundem, desde o vermelho-escarlate da tulipa e da papoula! (Por que esses nomes rudes e bizarros?) Estudai tudo isso, e notai as folhas que saem, umas das outras, como gerações infinitas até o seu desabrochamento completo sob a cúpula do céu.

As flores não parecem deixar a terra para se lançarem até os outros mundos? Não parecem, freqüentemente, baixar a cabeça de dor por não poderem se elevar mais alto ainda? Não as credes, em sua beleza, mais perto de Deus? Imitai-as, pois, e tornai-vos sempre maiores, mais e mais belos.

Vossa maneira de aprender a botânica é também defeituosa; não é tudo saber o nome de uma planta. Convidar-te-ei, quando tiveres tempo, a trabalhar também numa obra desse gênero. Remeto, pois, para mais tarde as lições que queria dar-te nestes dias; serão mais úteis quando tiverdes a aplicação sob a mão. Aí falaremos do gênero de cultura, dos lugares que lhes convém, da arrumação do edifício para o arejamento e a salubridade das habitações. Se fores imprimir isso, passa os últimos parágrafos; seriam tomados por anúncios.

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Dissertações de além-túmulo – O sono

Revista Espírita, dezembro de 1858

Pobres homens que poucos conheceis os fenômenos mais comuns que fazem vossa vida! Credes ser bem sábios, credes possuir uma vasta erudição, e a esta pergunta de todas as crianças: Que fazemos quando dormimos? O que são os sonhos? Permaneceis interditados.

Não tenho a pretensão de vos fazer compreender o que vou vos explicar, porque há coisas às quais vosso Espírito não pode ainda se submeter, não admitindo senão o que compreende.

O sono liberta inteiramente a alma do corpo. Quando se dorme, se está, momentaneamente, no estado em que se acha de um modo fixo depois da morte. Os Espíritos que são logo desligados da matéria em sua morte, tiveram sonos inteligentes; aqueles, quando dormem, juntam-se à sociedade de outros seres superiores a eles: viajam, conversam e se instruem com eles; trabalham mesmo em obras que encontram prontas quando morrem. Isso deve nos ensinar, uma vez mais, a não temermos a morte, porque morreis todos os dias, segundo a palavra de um santo.

É assim para os Espíritos elevados; mas para a massa dos homens que na morte devem permanecer longas horas nessa perturbação, nessa incerteza da qual vos falaram, aqueles vão, seja em mundos inferiores à Terra, onde antigas afeições o chamam, seja procurar prazeres talvez ainda mais baixos que aqueles que têm aqui; vão haurir doutrinas mais vis, mais ignóbeis, mais nocivas do que aquelas que professam em vosso meio. E o que faz a simpatia na Terra não é outra coisa senão esse fato, que se sente ao despertar, de se aproximar pelo coração daqueles com quem viemos de passar oito ou nove horas de felicidade ou de prazer. O que explica essas antipatias invencíveis, é que se sabe, no fundo de seu coração, que aquelas pessoas têm uma outra consciência que a nossa porque são conhecidas sem tê-las jamais visto com os olhos. É ainda o que explica a indiferença, uma vez que não se deseja fazer novos amigos, quando se sabe que existem outros que vos amam e que vos querem. Em uma palavra, o sono influi mais que pensais em vossa vida.

Pelo efeito do sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos, e é o que faz que os Espíritos superiores consintam, sem muita repulsa, se encarnarem entre vós. Deus quis que, durante seu contato com o vício, eles possam ir se retemperarem nas fontes do bem, para eles mesmos não falirem, eles que vêm instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abre até os amigos do céu; é a recreação depois do trabalho, na espera da grande libertação, a liberação final que deverá devolvê-los ao seu verdadeiro meio.

O sonho é a lembrança daquilo que vosso Espírito viu durante o sono, mas notai que não sonhais sempre, porque não vos lembrais sempre do que vistes, ou de tudo o que vistes. Vossa alma não está em todo desenvolvimento; não é, freqüentemente, senão a lembrança de uma perturbação que acompanha vossa partida ou vossa reentrada, à qual se junta a do que fizestes ou do que vos preocupou no estado de vigília; sem isso, como explicaríeis esses sonhos absurdos que têm os mais sábios como os mais simples? Os maus Espíritos se servem também dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.

De resto, vereis em pouco se desenvolver uma nova espécie de sonho; ela é tão antiga quanto a que conheceis, mas a ignorais. O sonho de Joana, o sonho de Jacó o sonho dos profetas judeus e de alguns adivinhos indianos; aquele sonho é a lembrança da alma inteiramente desligada do corpo, a lembrança dessa segunda vida, da qual vos falei ainda há pouco.

Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonho dos quais vos lembrareis, sem isso cairíeis nas contradições e nos erros, que seriam funestos à vossa fé.

Nota. – O Espírito que ditou esta comunicação, instado a dar seu nome, respondeu: “Para quê? Credes, pois, que não haja senão os Espíritos de vossos grandes homens que vêm dizervos coisas boas? Contai, pois, por nada todos aqueles que não conheceis ou que não têm nome sobre a vossa Terra? Sabei que muitos não tomam um nome senão para vos contentar.”

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Sensação dos Espíritos

Revista Espírita, dezembro de 1858

Os Espíritos sofrem? Que sensações experimentam? Tais são as perguntas que se dirigem naturalmente e que tentaremos resolver. Devemos dizer, primeiramente, que para isso não nos contentamos com as respostas dos Espíritos; devemos, por numerosas observações, de alguma sorte, tomar a sensação sobre o fato.

Em uma de nossas reuniões, e pouco antes que São Luís nos desse a bela dissertação sobre a avareza, que inserimos em nosso número do mês de fevereiro, um de nossos sócios contou o fato seguinte, a propósito dessa mesma dissertação.

“Estávamos, disse ele, ocupados com evocações em uma pequena reunião de amigos, quando se apresentou, inopinadamente e sem que o tivéssemos chamado, o Espírito de um homem que havíamos conhecido muito, e que, quando vivo servira de modelo ao retrato do avaro traçado por São Luís; um desses homens que vive miseravelmente no meio da fortuna, que se privam, não pelos outros, mas para amontoar sem proveito para ninguém. Era inverno, estávamos perto do fogo; de repente, esse Espírito nos lembrou seu nome, com o qual não sonhávamos de modo algum, e nos pediu a permissão de vir, durante três dias, aquecer-se na nossa lareira, dizendo que sofre horrivelmente do frio que ele, voluntariamente suportou durante sua vida, e que fez os outros suportarem por sua avareza. Será, acrescentou ele, um abrandamento que obtive, se consentis em mo concedê-lo.”

Esse Espírito sentia uma sensação penosa de frio; mas como o sentia? Aí estava a dificuldade. Dirigimos a São Luís as perguntas seguintes a esse respeito:
Consentiríeis em nos dizer como esse Espírito de avaro, que não tem mais corpo material, podia sentir o frio e pedir para se aquecer?

– R. Podes imaginar os sofrimentos do Espírito pelos sofrimentos morais.

– Concebemos os sofrimentos morais, como os desgostos, os remorsos, a vergonha; mas o calor e o frio, a dor física, não são efeitos morais; os Espíritos sentem essas espécies de sensações?

– R. Tua alma sente o frio? Não; mas tem a consciência da sensação que atua sobre o corpo.

– Disso pareceria resultar que esse Espírito de avaro não sente um frio efetivo; mas que ele teria a lembrança da sensação do frio que suportou, e que essa lembrança, sendo para ele como uma realidade, tornava-se um suplício. – R. E quase isso. Está bem entendido que há uma distinção, que compreendeis perfeitamente, entre a dor física e a dor moral; não se deve confundir o efeito com a causa.

– Se compreendemos bem, poder-se-ia, isso nos parece, explicar a coisa assim como segue:

O corpo é o instrumento da dor; senão a causa primeira, ao menos a causa imediata. A alma
tem percepção dessa dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que dela conserva pode ser tão penosa quanto a realidade, mas não pode ter ação física. Com efeito, um frio nem um calor intensos, podem desorganizar os tecidos: a alma não pode nem gelar nem queimar. Não vemos, todos os dias, a lembrança ou apreensão de um mal físico produzir o efeito da realidade? Ocasionar mesmo a morte? Todo o mundo sabe que as pessoas amputadas sentem dor no membro que não existe mais. Seguramente, não é nesse membro que está a sede, nem mesmo o ponto de partida da dor. O cérebro dela conservou a impressão, eis tudo. Pode-se, pois, acreditar que há alguma coisa análoga no sofrimento do Espírito depois da morte. Essas reflexões são justas?

R. Sim; mais tarde compreendereis melhor ainda Esperai que fatos novos venham vos fornecer novos motivos de observação, e então deles podereis tirar conseqüências mais completas.

Isso se passou no começo do ano 1858; desde então, com efeito, um estudo mais aprofundado do perispírito, que desempenha um papel tão importante em todos os fenômenos espíritas, e do qual não se havia percebido, as aparições vaporosas ou tangíveis, o estado do Espírito no momento da morte, a idéia tão freqüente no Espírito que ainda está vivo, o quadro tão impressionante dos suicidas, dos supliciados, das pessoas absorvidas nos gozos materiais, e tantos outros fatos, vieram lançar luz sobre essa questão, e deram lugar às explicações das quais damos aqui o resumo.

O perispírito é o laço que une o Espírito à matéria do corpo: ele é haurido no meio ambiente, no fluido universal; tem, ao mesmo tempo, algo da eletricidade, do fluido magnético e, até a um certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria: é o princípio da vida orgânica, mas não o é da vida intelectual: a vida intelectual está no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores. No corpo, essas sensações estão localizadas pelos órgãos que lhes servem de canal. Destruído o corpo, as sensações são gerais. Eis porque o Espírito não diz que sofre antes da cabeça que dos pés. De resto, é preciso guardar-se de confundir as sensações do perispírito, tornado independente, com as do corpo: não podemos tomar essas últimas senão como termo de comparação, e não como analogia. Um excesso de calor ou de frio pode desorganizar os tecidos do corpo e não pode resultar nenhum prejuízo ao perispírito.

Desligado do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é o do corpo: entretanto, esse sofrimento não é um sofrimento exclusivamente moral, como o remorso, uma vez que se queixa do frio e do calor; não sofre mais no inverno que no verão: vimo-los passar através de chamas sem nada sentirem de penoso; a temperatura, portanto, não causa sobre eles nenhuma impressão. A dor que sentem, portanto, não é uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, do qual o próprio Espírito não se apercebe perfeitamente, precisamente porque a dor não é localizada e porque não é produzida por agentes exteriores: é antes uma lembrança que uma realidade, mas uma lembrança também muito penosa. Há, entretanto, algumas vezes, mais que uma lembrança, como vamos ver.

A experiência nos ensina que no momento da morte o perispírito se desliga mais ou menos lentamente do corpo; durante os primeiros instantes, o Espírito não se dá conta da sua situação; não crê estar morto; sente-se viver; vê seu corpo de um lado, sabe que é o seu, e não compreende que esteja dele separado: esse estado dura tão longo tempo quanto exista um laço entre o corpo e o perispírito. Que se reporte à evocação do suicida dos banhos da

Samaritana, que narramos no nosso número de junho. Como todos os outros, ele dizia:

Não, não estou morto, e acrescentava: E, entretanto, sinto os vermes que me roem. Ora, seguramente os vermes não roíam o perispírito, e ainda menos o Espírito, não roíam senão o corpo. Mas como a separação do corpo e do perispírito não estava completa, disso resultava uma espécie de repercussão moral que lhe transmitia a sensação do que se passava no corpo. Repercussão talvez não seja a palavra, poderia fazer crer em um efeito muito material; era antes a visão do que se passava em seu corpo, ao qual se ligava seu perispírito, que produzia nele uma ilusão, que tomava por uma realidade. Assim, não era uma lembrança, uma vez que, durante a vida, não havia sido roído pelos vermes: era o sentimento da atualidade. Vê-se por aí as deduções que se podem tirar dos fatos, quando são observados atentamente. Durante a vida, o corpo recebe as impressões exteriores e as transmite ao Espírito, por intermédio do perispírito que constitui, provavelmente, o que se chama fluido nervoso. Estando o corpo morto não sente mais nada, porque não há mais nele nem Espírito nem perispírito. O perispírito, desligado do corpo, sente a sensação; mas como esta não lhe chega mais por um canal limitado, ela é geral. Ora, como, em realidade, não é senão um agente de transmissão, uma vez que é o Espírito quem tem a consciência, disso resulta que se pudesse existir um perispírito sem Espírito, não sentiria mais do que o corpo quando está morto; do mesmo modo que se o Espírito não tivesse perispírito, seria inacessível a toda sensação penosa; é o que ocorre para os Espíritos completamente depurados. Sabemos que quanto mais se depuram, mais a essência do perispírito se torna etérea; de onde se segue que a influência material diminui à medida que o Espírito progride, quer dizer, à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro.

Mas, dir-se-á, as sensações agradáveis são transmitidas ao Espírito pelo perispírito, como as sensações desagradáveis; ora, se o Espírito puro é inacessível a umas, deve sê-lo igualmente às outras. Sim, sem dúvida, para aquelas que provêm- unicamente da influência da matéria que conhecemos; o som de nossos instrumentos, o perfume de nossas flores não lhe causam nenhuma impressão, e, todavia, há neles sensações íntimas de um encanto indefinível, das quais não podemos fazer nenhuma idéia, porque somos, a esse respeito, como cegos de nascença a respeito da luz; sabemos que isso existe; mas por qual meio? Aí se detém para nós a ciência. Sabemos que há percepção, sensação, audição, visão, que essas faculdades são atributos de todo o ser, e não, como no homem, de uma parte do ser; mas, ainda uma vez, por qual intermediário? É o que não sabemos. Os próprios Espíritos não podem disso nos darem conta, porque nossa língua não foi feita para exprimir idéias que não temos, não mais que numa população de cegos não existiriam termos para exprimirem os efeitos da luz; não mais que na língua dos selvagens, não há termos para exprimir nossas artes, nossas ciências e nossas doutrinas filosóficas.

Dizendo que os Espíritos são inacessíveis às impressões da nossa matéria, queremos falar de Espíritos muito elevados, cujo envoltório etéreo não tem analogia neste mundo. Não ocorre o mesmo com aqueles cujo perispírito é mais denso: e estes percebem nossos sons e nossos odores, mas não por uma parte limitada de seu ser, como quando vivo. Poder-se-ia dizer que as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o seu ser e chegam assim ao seu sensorium commune, que é o próprio Espírito, embora de modo diferente, e talvez também com uma impressão diferente, o que produz uma modificação na percepção. Eles ouvem o som de nossa voz, e todavia nos compreendem sem o socorro da palavra, unicamente pela transmissão do pensamento, e o que vem em apoio ao que dizemos, é que essa penetração é tanto mais fácil quanto o Espírito esteja mais desmaterializado. Quanto à visão, ela é independente de nossa luz. A faculdade de ver é um atributo essencial da alma: para ela não há obscuridade; entretanto, ela é mais extensa, mais penetrante, naqueles que estão mais depurados. A alma, ou o Espírito, portanto, tem em si mesma a faculdade de todas as percepções; na vida corpórea, elas estão obliteradas pela grosseria de nossos órgãos; na vida extracorpórea, elas o são menos e menos à medida que se torna menos compacto o envoltório semi-material.

Esse envoltório, haurido do meio ambiente, varia segundo a natureza dos mundos. Passando de um mundo a outro, os Espíritos mudam de envoltório, como nós mudamos de vestuário, passando do inverno ao verão, ou do pólo ao equador. Os Espíritos mais elevados, quando vêm nos visitar, revestem, pois, o perispírito terrestre, e desde então suas percepções se operam como nos Espíritos vulgares; mas tanto inferiores, como superiores, não ouvem e não sentem senão o que querem ouvir ou sentir. Sem terem órgãos sensitivos podem tomarse, à vontade, suas percepções ativas ou nulas; não há senão uma coisa que são obrigados a ouvir, são os conselhos dos bons Espíritos. A visão é sempre ativa, mas podem, reciprocamente, se tornarem invisíveis uns aos outros. Segundo a classe que ocupem, eles podem se ocultar daqueles que lhes são inferiores, mas não daqueles que lhes são superiores. Nos primeiros momentos que seguem à morte, a visão do Espírito é sempre perturbada e confusa; clareia à medida que ele se desliga, e pode adquirir a mesma claridade que durante a vida, independentemente de sua penetração através dos corpos que nos são opacos. Quanto à sua extensão através do espaço indefinido, no passado e no futuro, depende do grau de pureza e de elevação do Espírito.

Toda essa teoria, dir-se-á, não é muito tranqüilizadora. Pensávamos que uma vez desembaraçado de nosso grosseiro envoltório, instrumento das nossas dores, não sofreríamos mais, e eis que nos ensinais que sofreremos ainda; que, seja de uma maneira ou de outra, isso não é menos sofrer. Ah! sim, podemos ainda sofrer, e muito, e por muito tempo, mas podemos também não mais sofrer, mesmo desde o instante em que deixamos esta vida corpórea.

Os sofrimentos deste mundo são, algumas vezes, independentes de nós, mas muitos são as conseqüências de nossa vontade. Que se remonte à fonte e ver-se-á que o maior número é a conseqüência de causas que poderíamos evitar. Quantos males, quantas enfermidades, o homem deve aos excessos, à sua ambição, às suas paixões, em uma palavra! O homem que houvesse sempre vivido sobriamente, que não houvesse abusado de nada, que houvesse sempre sido simples em seus gostos, modesto em seus desejos, se pouparia de muitas tributações. Ocorre o mesmo com o Espírito: os sofrimentos que suporta são sempre a conseqüência da maneira com a qual viveu na Terra; não terá mais, sem dúvida, a gota e os reumatismos, mas terá outros sofrimentos que não valem mais. Vimos que esses sofrimentos são o resultado de laços que ainda existem entre ele e a matéria; que quanto mais desligado da matéria, dito de outro modo, quanto mais desmaterializado, menos tem sensações penosas; ora, dele depende se livrar dessa influência, desde esta vida; tem o seu livre arbítrio e, por conseqüência, a escolha entre fazer ou não fazer: que dome suas paixões animais, que não tenha ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho; que não seja dominado pelo egoísmo, que purifique sua alma pelos bons sentimentos, que faça o bem, que dê às coisas deste mundo a importância que elas merecem, então, mesmo sob seu envoltório corporal, está já depurado, e já desligado da matéria, e quando deixa esse envoltório, dele não sofre mais a influência; os sofrimentos físicos que experimenta não lhe deixam nenhuma lembrança penosa; dele não lhe resta nenhuma impressão desagradável, porque não afetaram senão o corpo e não o Espírito; é feliz de estar livre dele, e a calma de sua consciência o livra de todo sofrimento moral. Disso interrogamos milhares, tendo pertencido a todas as classes da sociedade, a todas as posições sociais; estudamo-los em todos os períodos de sua vida espírita, desde o instante em que deixaram seus corpos; nós os seguimos passo a passo, nessa vida de além-túmulo, para observar as mudanças que se operaram neles, em suas idéias, em suas sensações, e sob esse aspecto os homens mais vulgares não foram os que nos forneceram os objetos de estudo menos preciosos. Ora, vimos sempre que os sofrimentos estão em relação com a conduta, da qual sofrem as conseqüências, e que essa nova existência é a fonte de uma felicidade inefável para aqueles que seguiram o bom caminho; donde se segue que aqueles que sofrem, é porque o quiseram, e não devem disso culpar senão a si mesmos, tão bem no outro mundo quanto neste.

Alguns críticos ridicularizaram certas de nossas evocações, a do assassino Lemaire, por exemplo, achando singular que se ocupasse com seres tão ignóbeis, quando existem tantos Espíritos superiores à sua disposição. Esquecem que é por aí que, de algum modo, aprendemos a natureza do fato, ou, para melhor dizer, na sua ignorância da ciência espírita, não vêem, nessas entrevistas, senão uma conversa, mais ou menos divertida, da qual não compreendem a importância. Lemos em alguma parte que um filósofo dizia, depois de conversar com um camponês: Eu mais aprendi com esse rústico que com todos os sábios; é que ele sabia ver outra coisa senão a superfície. Para o observador nada é perdido, encontra úteis ensinamentos até no criptógamo que cresce sobre o estrume. O médico recusa tocar uma chaga horrenda, quando se trata de aprofundar a causa de um mal?

Acrescentamos ainda uma palavra a esse respeito. Os sofrimentos de além-túmulo têm um fim; sabemos que é dado ao Espírito mais inferior elevar-se e purificar-se por novas provas; isso pode ser longo, muito longo, mas depende dele abreviar esse tempo penoso, porque Deus o escuta sempre se ele se submete à sua vontade. Quanto mais o Espírito está desmaterializado, mais suas percepções são vastas e lúcidas; quanto mais está sob o império da matéria, o que depende inteiramente de seu gênero de vida terrestre, mais elas são limitadas e como veladas; tanto a visão moral de um se estende ao infinito, tanto a do outro é restrita. Os Espíritos inferiores não têm, pois, senão uma noção vaga, confusa, incompleta e freqüentemente nula do futuro; não vêem o fim de seus sofrimentos, por isso crêem sofrer sempre, e ainda para eles é um castigo. Se a posição de uns é aflitiva, terrível mesmo, não é desesperadora; a de outros eminentemente consoladora; está pois em nós escolher. Isto é da mais alta moralidade. Os céticos duvidam da sorte que nos espera depois da morte, nós lhes mostramos o que isso é, e com isso cremos prestar-lhes serviço; também vimos mais de um corrigir-se de seu erro, ou pelo menos pôr-se a refletir sobre o que criticavam antes. Não há de tal senão de se aperceber da possibilidade das coisas. Se fora sempre assim, não haveria tantos incrédulos, e a religião e a moral pública ganhariam com isso. A dúvida religiosa não vem entre muitos, senão da dificuldade, para eles, de compreenderem certas coisas; são Espíritos positivos não organizados para a fé cega, que não admitem senão o que, para eles, tem uma razão de ser. Tornai essas coisas acessíveis à sua inteligência, e as aceitam, porque no fundo não pedem melhor do que crerem, sendo a dúvida para eles uma situação mais penosa que se crê ou que querem dizê-lo.

Em tudo o que precede não há nada de sistemas, nada de idéias pessoais; não foram mesmo alguns Espíritos privilegiados que nos ditaram essa teoria, é um resultado de estudos feitos sobre as individualidades, corroborados e confirmados por Espíritos dos quais a linguagem não pode deixar dúvida sobre sua superioridade. Nós o julgamos por suas palavras, e não sobre o nome que trazem ou que podem se dar.

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